Acordei de ressaca.
Acho que perdi ela. A aliança ainda tá aqui, grudada no meu dedo, o cheiro grudado na minha roupa, os dedos no meu cinto. Mas perdi ela.
Ela me liga, diz que gosta de mim, diz que espera. O tom de voz dela me lembra daqueles olhinhos brilhantes. Mas perdi.
Não a encontro em mim. Antes era tudo que eu via, cada brilho diferente, o cheirinho da chuva,toda menina era ela, mesmo a mais bonita era só um reflexo. Agora se perdeu. Diluiu-se nessa coisa volatil que é mais facil chamar de alma, mas que na verdade se sabe que não existe nome que defina.
A boca dela morreu.
As horas que antes perdiam o significado agora estão todas condensadas no meu estômago, são como uma nausea feita so de palavras, mas todas vivas. Cutucam, gritam e pulam, querem sair.
Decido que sairão, pego o papel, elas saem... Todas tortas, sem sentido. O papel se rasga, corre pro cesto.
O lápis pega meu casaco, me entrega uma faca triste e fria, direciona meus tênis. E me empurra, saio de casa.
Imagino que branco, cada passo tem o peso de uma lágrima daquela que ja foi meu amor, e cada lágrima tem o peso da dor que é machucar aquela que ja foi uma deusa.
Toco a campainha, o portão aberto como sempre, a porta abre lenta. Ela sai, põe o corpo pra fora e para.
A faca vira uma flor, que voa.
E como se encontrasse seus significados as palavras acalmam-se.
Como se encontrasse tudo o que procuravam, meus olhos brilham.
Desisto, sou seu.
domingo, 12 de setembro de 2010
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